Depois de desenvolver um cosmético é muito importante saber como ele age na pele. Antigamente era muito comum usar animais como coelhos, camundongos de laboratório, cobaias, entre outros para estudos in vivo. Estes estudos ainda são feitos em animais, mas outra possibilidade laboratorial está se desenvolvendo: a cultura de pele humana.
A tecnologia científica possibilitou a produção de pele em laboratório, e no Brasil é feita desde 2005 pela UNICAMP. A cultura é direcionada principalmente para curar lesões dermatológicas com queimaduras graves e ferimento profundos. A produção da pele é feita em pequena escala e se inicia com a retirada de um pedaço de 1x2 cm de pele sadia. Cultivam separadamente os fibroblastos, os melanócitos e os queratinócitos. Depois da multiplicação destas células separadamente, são reunidas formando círculos de pele com 5 cm de diâmetro.
Figura: Culturas dos três tipos de células da pele - da esquerda para a direita: fibroblastos, queratinócitos e melanócitos. |
Muito bem, esta pele cultivada fica em contato com solução fisiológica e nutrientes e suas células estão vivas e se multiplicando. Para testar o cosmético desejado, aplica-se sobre esta pele, que fica em estufa a 37ºC por 24 horas para simular a temperatura do corpo humano. No próximo passo a pele é limpa com um lenço umedecido e então os pesquisadores utilizam fita adesiva especial para laboratório para separar as camadas da pele. Este procedimento é realizado 10 vezes. As 3 primeiras fitas adesivas contêm a camada superficial da pele e da quarta até a décima fita, consideram que contém o estrato córneo. Depois separam a derme da epiderme por meio de calor. O estrato córneo, epiderme e derme são analisados separadamente com métodos de determinação química (HPLC) que detectam se os componentes do cosmético conseguiram penetrar.
O avanço tecnológico que temos hoje não é incrível? Alguns anos atrás até pareceria filme de ficção! Mas hoje é sim, possível testar os cosméticos e sua permeabilidade, sem o uso de animais. Um grande avanço para todos.
Bibliografia
BRUM, L. Brasileiros obtêm pele humana em laboratório. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/medicina-e-saude/brasileiros-obtem-pele-humana-em-laboratorio/?searchterm=Brasileiros%20obt%C3%AAm%20pele%20humana%20em%20laborat%C3%B3rio>. Obtido em: 26/05/2014 16:00h
SAKATA, O. et al. Effects of Oils and Emulsifiers on the Skin Penetration of Stearyl
Glycyrrhetinate in Oil-in-Water Emulsions. Biological & Pharmaceutical Bulletin, v.37, n.3, p.486-489, 2014.
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