Somos bombardeados por dados obtidos por pesquisas a toda hora, é a era da informação. Mas como saber se as informações são confiáveis?
Os dados
são produzidos por pesquisas com abordagens diferentes indo da científica, de
mercado, de marketing, política, coleta de dados para administração pública e
outras. Todas percorrem os mesmos passos que é a metodologia. Para um artigo
científico ser publicado em uma revista importante, tudo nele é analisado, o
objetivo, a coleta e interpretação dos dados, a definição da estatística e se
as conclusões correspondem aos resultados obtidos para que estes dados sejam
confiáveis.
Na
metodologia os pesquisadores precisam definir com clareza o que vão pesquisar,
como será sua amostra para que seja estatisticamente confiável, verificar se a
pesquisa não está tendenciosa, obter uma avaliação de um comitê de ética quando
necessário, e muitos outros detalhes.
E sabe o
que é interessante? Quando publicam a pesquisa, os pesquisadores têm a
obrigação de fornecer todos os dados de como o experimento foi feito para que
se você quiser repetir, seja possível. Não podem esconder nada. Toda pesquisa
pode ser questionada e seu resultado permanece confiável até que alguém consiga
comprovar de maneira confiável, outro resultado. O conhecimento nunca permanece
estático, sempre avança.
Voltando a
questão da credibilidade, falamos de ética. O Prof. Luiz Henrique dos Santos da
FAPESP, descreve em texto sobre a Integridade Ética na Pesquisa, que é
necessário evitar o que se chama de “conduta eticamente não adequada”, onde
ocorre a fabricação (ou invenção pura e simples) e a falsificação (manipulação
intencional) de dados, informações, procedimentos e resultados. Outro problema
sério de ética é o plágio, ou a cópia de pesquisas e resultados obtidos por
outros pesquisadores. E isto pode acontecer em todas as áreas.
O prejuízo
das “condutas eticamente não adequadas” não dá para ser medido, mas pense
comigo: uma pesquisa que apresente resultados manipulados pode prometer a cura
para doenças e ser um engano, pode abalar a imagem de um produto com
informações que não são reais, pode manipular situações políticas em época de
eleição, prejudicar empresas e muitas outras situações que levam muito tempo
para serem revertidas.
E infelizmente essa situação tem aumentado por vários fatores como
globalização das informações, muita competição e facilidades tecnológicas para
a prática de ações fraudulentas como o plágio e manipulação de imagens.
O Prof. Luiz Henrique cita que os casos de má conduta científica
que foram punidos nos últimos anos são poucos perto do que realmente deveria
ser. Um estudo realizado entre 1987 e 2005 conclui que, entre os pesquisadores
consultados, 2% praticaram má conduta grave e 33% praticaram conduta ao
menos eticamente questionável; 14% observaram a prática de má conduta grave e
72% observaram a prática de conduta eticamente questionável por parte de outros
pesquisadores. O Journal of Cell Biology vem
testando as imagens incluídas nos artigos aceitos para serem nele publicados e
entre 2002 e 2006, verificou-se que 25%
dos artigos aceitos continham imagens manipuladas de modo inadequado e, no
caso de 1% dos artigos aceitos, essa manipulação afetava a credibilidade
científica das conclusões.
Quando mudamos o foco para
os dados apresentados em campanhas de publicidade, o Prof. Daniel Kamlot da
ESPM- RJ cita em sua tese de doutorado que
“Em um mundo ideal, as
organizações fariam uso de instrumentos absolutamente éticos e corretos para
convencer o consumidor a optar por seus produtos, mas não é o que se percebe no
mundo real. Muitas vezes o anunciante não está diretamente interessado em
prover informação aos consumidores, mas em vender mais de seu produto, e a
mensagem usada no anúncio transmitirá qualquer coisa que o anunciante daquela
marca desejar”
Isso resulta em propaganda
enganosa, conhecido pelo “lado negro do marketing”. O Prof. Daniel Kamlot
entrevistou 359 pessoas sobre a confiança em relação ás informações disponíveis
em propagandas publicitárias e confirmou o que parece acontecer em geral com a
população brasileira: a maioria dos que se sentem lesados não age no sentido de
buscar seus direitos.
Precisamos
parar de aceitar as coisas erradas e deixa-las passar. É necessário reclamar,
dizer o que é certo e o que nos prejudica. Assim, se você se sentir prejudicado
por dados de pesquisa divulgados como publicidade, o caminho é denunciar ao
CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). No Boletim do
CONAR divulgado em abril de 2014, o órgão comemora o aumento das denúncias por
parte dos consumidores. Com este oceano de informações disponível, a única
maneira de ter maior confiabilidade é quando o público é crítico, está atento e
denuncia quando ocorre a má intenção.
Voltando ao início, como
obter informações confiáveis? Essa pergunta está fervilhando em todas as áreas
e também na área de Estética e Cosmética. Valem as dicas de Fabiana Sayeg da
Revista Nova Escola e da Dra. Emília Silva do Conselho Federal de Farmácia:
identificar o autor da pesquisa, verificar se o autor é especialista na área da
pesquisa, verificar a data de publicação, as fontes de pesquisa e a instituição
responsável pela pesquisa e sempre, sempre, sempre comprovar a informação.
Referência Bibliográficas
CONAR. Queixas de Consumidores foram Recorde. Boletim do CONAR, n.203, abril de 2014. Disponível em: <http://conar.org.br/>. Obtido em: 19/08/2014 14: 40h
Kamlot, D. PROPAGANDA engañosa E PERSUASÃO: Reação do Consumidor e Proposta de Políticas Públicas. Rio de Janeiro, Tese apresentada Paragrafo a Obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas, 2013. Disponível em: <Obtido em: 20/08/2014 15: 40h
Moresi, E. Metodologia da Pesquisa. Brasília, UCB, 2003. Disponível em: <http://ftp.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/1370886616.pdf>. Obtido Em: 19/08/2014 14: 10h
SANTOS, L. Sobre a Integridade ética da Pesquisa. Fapesp, 2011. Disponível em: <http://www.fapesp.br/6566>. Obtido em: 19/08/2014 16: 00h
Sayeg, F. Mapa da Pesquisa confiavel na internet. Revista Nova Escola, v.26, n.242, p.84-87, 2011. Disponível em: <. Obtido em
SILVA, E., CASTRO, L. A internet Como forma interativa de busca de Informação Sobre Saúde Pelo Paciente. Revista Texto de la CiberSociedad, 2008. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10482/11667>. Obtido em 21/08/2014 15: 50h
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